Nos últimos anos uma palavra tem ganhado destaque cada vez mais em jornais, tvs, redes sociais e até conversas informais: BITCOIN!
Mesmo surgindo no cenário comum nos últimos cinco anos ele teve seu software inicial lançado bem antes disso. Por isso, vamos olhar mais para trás.
Era janeiro de 2009 quando a primeira criptomoeda foi concebida. Em sua primeira transação uma mensagem foi gravada para a posteridade no primeiro bloco, ou melhor, no bloco gênesis.
Essa mensagem deixa a data de criação do Bitcoin ligada a manchete de um importante jornal britânico: The Times. Essa é a prova do dia da sua criação e seu objetivo. A criação de um sistema monetário independente. Afinal, estávamos passando pela crise do Subprime que abalou toda a economia mundial de maneira catastrófica!
The Times 03/Jan/2009 Chanceler à beira do segundo resgate aos bancos (Tradução livre)
Para os que não eram adultos ou não tinham noções de economia os anos de 2007 até 2010, foi um mar de sangue mencionada crise, visto que atingiu o mundo. Muitas pessoas perderam suas economias ou ficaram sem poder acessá-las com os bancos quebrando nos EUA.
Se imagine na presente situação: você tinha o dinheiro na conta corrente de um banco e quando chegou no horário do almoço esse banco é anunciado como falido! Você tenta acessá-lo, mas ele está travado e a página do banco avisa que os saques estão suspensos. Como você vai pagar suas contas?
Foi um pânico total para muitas pessoas até vir o socorro do Federal Reserve, ou FED: o sistema de bancos centrais dos Estados Unidos, mas ele não conseguiu salvar todos e isso deixou marcas profundas.
Foi nesse período catastrófico economicamente para muitas pessoas que o Bitcoin foi criado. Com o objetivo de ser um meio de troca entre dois indivíduos sem intermediário, possibilitando essa troca ser ponto a ponto, ou seja, de um indivíduo para o outro.
Fruto do enigmático programador Satoshi Nakamoto. Cuja a identidade ninguém sabe ao certo até hoje! Eles sabem apenas o que ele buscava.
A criação de um sistema econômico alternativo, que trouxe elementos da escola austríaca de econômica, gerando um sistema bancário livre do controle de instituições regulamentadoras.
Mas o que é esse dinheiro eletrônico de ponto a ponto?
Vamos começar entendendo o que é o dinheiro e, assim, vamos solucionando cada um desses pontos. Tudo bem?
O que é o dinheiro?
É na sua aparência mais imediata o meio usado na troca de bens, podendo fazê-lo na forma de moedas (pedaços de metal amoedados e cunhados, isto é, marcados por desenhos, letras e números), notas (cédulas de papel, igualmente desenhadas e escritas), ou, como atualmente, sinais elétricos carregados de informação, chamados bits. O dinheiro é essencialmente um signo. E um signo representativo de valores, que é a informação que este signo carrega. Estes valores representados no dinheiro são os das coisas (bens e serviços) que se desprendem dos homens nos impessoais mercados, mas também e principalmente os valores dos compromissos, dívidas e créditos, que os homens estabelecem entre si desde sempre, ou desde muito antes dos mercados. – Citação Wikipédia https://pt.wikipedia.org/wiki/Dinheiro
Essa é uma citação clássica, mas você sabe o que é dinheiro! Você lida com ele todos os dias através de pagamentos no supermercado, farmácia, aplicativos de delivery e outras necessidades. Nesse contexto, você percebe que o seu dinheiro depende de algumas instituições para funcionar?
Se você vai comprar um café na padaria da esquina você tira algumas cédulas de reais ou saca um cartão para fazer o pagamento. As instituições estão aqui. Não notou?
Para as cédulas existirem foi necessário o Banco Central do Brasil fazer sua impressão e distribuir para os bancos, onde você recebe seu salário mensal, e, assim, chegar até você.
Seu cartão faz parte das instituições financeiras onde você tem um saldo em reais (ou outra moeda) na conta ou uma margem de crédito.
Entre você e o padeiro existe pelo menos um intermediário para realizar essa transação.
Ou seja, seu dinheiro existe em um sistema centralizado que exige o trabalho de terceiros para existir. Seja comprovando saldo, ou, autorizando a transação. A arte abaixo exemplifica bem a diferença entre o sistema financeiro tradicional centralizado e o sistema financeiro descentralizado, onde apenas os usuários participam das transações (sem intermédio de instituições financeiras).
Para manter esse sistema financeiro tradicional existem taxas que são cobradas; as vezes pequenas ou altas, mas o importante é lembrar que elas existem.
Então, eis que surge no Brasil um projeto de transferências entre contas rápido e sem taxas que ganhou as graças da população durante os últimos anos: o famoso PIX!
Pix é o pagamento instantâneo brasileiro. O meio de pagamento criado pelo Banco Central (BC) em que os recursos são transferidos entre contas em poucos segundos, a qualquer hora ou dia. É prático, rápido e seguro. O Pix pode ser realizado a partir de uma conta corrente, conta poupança ou conta de pagamento pré-paga. – Citação do site do Banco Central do Brasil. https://www.bcb.gov.br/estabilidadefinanceira/pix
Quando vi o Pix pensei que era o mais próximo do Bitcoin que a maioria das pessoas poderiam vir a conhecer!
Ele é rápido, prático, funciona 24 horas por dia e nos 7 dias por semana, inclusive feriados, entretanto ele ainda tem a falha de ser centralizado. Ele depende do sistema do Banco Central do Brasil para funcionar, bem como do sistema do seu banco.
E é aqui onde o Bitcoin é diferente. Ele é descentralizado e global!
Usando uma rede de computadores onde os próprios usuários mantêm o sistema rodando 24 horas por dia em todo o mundo. Desde sua criação em 2009 temos essa moeda 100% digital!
Tal projeto só foi possível com a evolução da criptografia, tecnologia e internet como um todo. Prometo que não vou deixar isso mais complexo. Esse não é para ser um texto técnico ainda. Vamos deixar essa para a próxima vez. O que você vai entender é seu objetivo e aplicação.
Seu sistema de transferências financeiras é sem intermediários, com cada transferência sendo verificada por todos os usuários na rede e gravadas em um banco de dados distribuído chamado blockchain.
Ficou difícil de entender? Vou simplificar para você.
Eu tenho 1 bitcoin e decido passar ele para Polly em troca de um celular que ela quer me vender. Ambos temos um app que serve como carteira, ou wallet, onde é possível receber, enviar e conferir os seus bitcoins que ficam gravados na blockchain.
A blockchain é como um livro razão onde todas as transações ficam armazenadas.
Polly acessa a sua carteira de Bitcoin através do app no celular, que gera um QR code e eu com minha carteira aberta no meu aparelho escaneio o QR code. Ele me revela a chave pública da sua carteira.
Uma informação importante. Toda carteira Bitcoin tem duas chaves.
A chave pública funciona como um endereço público na rede que serve para que você envie ou receba recursos. É o seu endereço na blockchain.
Já a chave privada, que normalmente é uma sequência de letras e números, não deve ser compartilhada com ninguém. Ela serve para autorizar suas transferências e sem ela você perde o seu acesso, e por consequência, seus bitcoins!
Agora, eu coloco o valor que quero transferir para ela e insiro a chave privada para autorizar a transferência. A transferência é iniciada e ela precisa ser validada pelas pessoas que mantem a rede; os chamados mineradores. Eles cobram algumas taxas em bitcoin para manter validar a transação.
Ao final da verificação eles confirmam a transferência e ela fica gravada em um bloco na blockchain onde se vê apenas as carteiras públicas das pessoas envolvidas.
Agora Polly tem 1 bitcoin e eu tenho um novo celular.
Esse é o cerne inicial do Bitcoin em sua essência. Convido para uma leitura do White paper oficial postado pelo próprio Satoshi Nakamoto. https://bitcoin.org/bitcoin.pdf
E aqui o texto traduzido em português https://bitcoin.org/files/bitcoin-paper/bitcoin_pt_br.pdf
O Bitcoin já existe a mais de uma década, imparável, inviolável e tem se mostrado cada vez mais relevante, trazendo inovações e inspirando o surgimento de outros criptoativos. Todos bebendo da fonte da primeira criptomoeda, com seus códigos e aplicações agindo de maneira diferente. Todos buscando solucionar problemas com tecnologia e criptografia. E assim foi criado o mercado cripto.
Há milhares de criptoativos com funções diferente, contudo, acho que essa é uma conversa para a próxima vez. Imagino que tenha sido muita informação até aqui. Então descanse um pouco e tome fôlego. Na próxima vez vamos aprofundar um pouco mais no Bitcoin e falar sobre como adquirir, minerar, custodiar e transacionar. Ao final, você vai ser o seu próprio banco, pois essa é a filosofia do Bitcoin.
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